quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Mário Alves



Obra do acervo de João Sattamini com relatórios e cartas escritas pela esposa e filha relacionadas ao desaparecimento de Mário Alves.



Mário Alves

O assunto que abordei ontem coincidentemente vai ter uma extensão hoje. Visitei o Museu de Arte Contemporânea de Niterói e a obra que mais me identifiquei foi esta da foto acima,(que perdoem-me, não anotei o nome do artista) que falava sobre o desaparecimento de Mário Alves em tempos ditatoriais no Brasil. Uma das cartas mais interessantes foi uma escrita por sua filha no dia de finados, relatando que a única coisa que ela mais queria nesse dia era poder levar flores, muitas flores, pro túmulo do pai. Comparou também os direitos garantidos pela Sociedade Protetora dos Animais aos Direitos Humanos, declarando que aqueles devem garantir mais dignidade a um ser irracional do que este. Em cima disto tudo eu refleti sobre o artigo primeiro da Declaração Universal dos Direitos Humanos, será que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos? Hipocrisia pura, muitos outras famílias passam pelo que a família Alves passa e Mários existiram e existem até hoje. E os direitos humanos? Estão aí prá que? Acho que prá me "proteger"....
Pesquisei sobre a vida de Mário e este foi o site que mais gostei...
Taí o resumo e o link prá quem se interessar!

"Em 1968, junto com Jacob Gorender, Apolônio de Carvalho e outros, Mário Alves fundou o PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário), militando clandestinamente.
Em 16 de janeiro de 1970, entre 19:30 e 20:00 horas, saiu de casa para voltar dentro de pouco tempo. Foi preso pelo DOI/CODI-RJ, para onde foi levado. Na madrugada do mesmo dia, Mário Alves morreu sob torturas.
Mário foi visto sangrando, abundantemente, na sala de tortura, por vários presos políticos que se encontravam no DOI/CODI, dentre os quais, René Carvalho, Antônio Carlos de Carvalho e o advogado Raimundo Teixeira Mendes .
Os soldados que serviam no PIC (Pelotão de lnvestigações Criminais), onde está situado o DOI-CODI, foram retirados do local, para que o corpo de Mário pudesse ser removido sem testemunhas.Apesar das evidências, os órgãos de segurança negam a prisão de Mário.
Em 01 de dezembro de 1987 foi julgada a apelação civil n° 75.601 (RJ), registro 2678420, onde sua mulher e filha conseguiram da União a responsabilidade civil por sua prisão, morte e danos morais. Foi o 1° caso de desaparecido político em que a União reconheceu sua responsabilidade. Foram advogadas as Dras. Francisca Abigail Barreto Paranhos e Ana Maria Müller.
Dilma, companheira de Mário Alves, enviou uma carta à esposa do cônsul brasileiro, seqüestrado no Uruguai. Destacamos aqui alguns trechos:

“Todos conhecem seu sofrimento, sua angústia. A imprensa falada e escrita focaliza diariamente o seu drama. Mas do meu sofrimento, da minha angústia, ninguém fala. Choro sozinha. Não tenho os seus recursos para me fazer ouvir, para dizer também que “tenho o coração partido”, que quero meu marido de volta. O seu marido está vivo, bem tratado, vai voltar. O meu foi trucidado, morto sob tortura, pelo 1° Exército, foi executado sem processo, sem julgamento. Reclamo seu corpo. Nem a Comissão de Direitos da Pessoa Humana me atendeu. Não sei o que fizeram dele, onde o jogaram.
Sei que a sra. não tem condições de avaliar meu sofrimento, porque a dor de cada um é sempre maior que a dos outros. Mas espero que compreenda que as condições que levaram meu marido a ser torturado até a morte e o seu seqüestrado são as mesmas; que é importante saber que a violência-fome, violência-miséria, violência-opressão, violência-atraso, violência-terrorismo, violência-guerrilha; que é muito importante saber quem pratica a violência - os que criam a miséria ou os que lutam contra ela”.

http://www.torturanuncamais-rj.org.br/MDDetalhes.asp?CodMortosDesaparecidos=305

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Um monstro ressuscitado, se é que um dia ele morreu...



Em um regime democrático um cidadão é proibido de tirar fotos de monumentos históricos. Esse cidadão? Eu! O sentimento que tive no momento em que ouvi a frase "Você não pode tirar fotos aqui!" foi de raiva! Tive raiva, muita raiva!!! Se não se pode tirar fotos prá guardar, nem outra merda qualquer, prá que expõem??? Porque não guardam junto aos arquivos da repressão ou enfiam em algum outro lugar mais apropriado....
Não! Eu, historiadora e fotógrafa amadora me senti de mãos e pés atados, quem é esse aí me ditando ordens? E o porque do "não"? Ah, motivos de segurança. Como que a foto de uma representação de uma batalha qualquer (a raiva era tanta que nem tive vontade de saber as origens) pode afetar a segurança de outrem ou de qualquer outra coisa que seja?! Nesse momento o monstro da ditadura teve seu sono perturbado e me pegou... E tantas outras pessoas que ainda não conseguiram sua liberdade por esse monstro existir até hoje?? As famílias dos desaparecidos da ditadura, que por ainda não terem aberto os arquivos da repressão (por ainda haver tal repressão), não possuem pistas concretas para descobrirem o que aconteceu com seus parentes e por onde andam os corpos destas vítimas. O monstro da ditadura, sobre suas várias facetas, ainda vive, e quem será o herói a nos defender dele? O regime “democrático”!!!!?????

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O tempo não para?



Como sabem estou de férias, passei uma semana fora sem Tv, jornal, rádio, internet ou outro tipo de comunicação com o mundo á fora, desligada do mundo e com uma sintonia total com a natureza, sorte a minha! Azar foi ter de voltar prá uma realidade que é sempre a mesma. Infelizmente voltei ontem e senti que o tempo parou. Achei que estaria totalmente alienada, mas ao me confrontar com a Tv, vi a mesmas notícias da semana passada, mesmos problemas: chuvas, inundações, mortes, assassinatos, Haiti, etc, só desgraças. E algo de bom? Nada! Acho que a única notícia boa, que embora boa ainda era em cima da catástrofe que ocorreu no Haiti, foi a de duas crianças salvas após passarem dias sobre os escombros.
O que alimenta os noticiários são as tragédias e isso é fato, mas o que os mantêm somos nós que aceitamos tudo que nos impõem, que acreditamos nas verdades deles. Não falo só em noticiários, mas também em relação aos programas inutéis e de encheção de linguiça diários que nos empurram, não somos seletivos naquilo que assistimos, ou seletivos no que estamos fazendo. Somos livres prá decidir se vamos viver nossas vidas ou as dos outros, sentados em frente á uma Tv pelo resto de nossos dias. Não é minha intenção viver alienadamente sem saber o que ocorre no mundo, isso já seria hipocrisia demais, mas hipocrisia maior é fazer dinheiro em cima da desgraça alheia, remoer sempre o mesmo assunto. E enquanto não aparece outra tragédia maior, vamos engolindo á seco novidades antigas na Tv...

"Se eu me isolar os problemas não cessam.
Se eu os encarar talvez soluções apareçam."

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Tempo, tempo...

De férias e sem tempo de escrever algo que eu ache que valha á pena, se é que das outras coisas foi possível retirar algum proveito!Rs
Carpe diem!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Família ê, família ah, família....

Estava escrevendo para um outro blog destinado á minha família, e percebi como é estranho ver a concepção de famílias tradicionais hoje em dia. Quando vejo na televisão o termo "família tradicional" ele se destina a designar uma família com poderes aquisitivos altos, a chamada família de classe alta, tudo relacionado ao dinheiro e não á representação real que uma família tem.
Uma família tradicional não se limita em ser constituída por um pai, uma mãe e filhos, com um vasto histórico tradicional(dinheiro), passado de geração em geração. E os laços? Não contam? Do que adianta uma família bem constituída com tudo que se tem direito em relação a bens materias e sem nenhum vínculo familiar, isso poderia ser muito bem uma família tradicional do séc 21, mas prá mim, a verdadeira essência de uma família tradicional está em extinção, não quero estar por cima, mas vejo que nasci (mesmo com algumas desavenças normais; briga de irmãos, nossos pais que sempre estão contra nós, rs)em uma ambiente familiar diferente, raro, prá mim: tradicional.
A minha família não se encaixa no esteriótipo de uma família tradicional; não somos de classe alta, nem possuímos altas heranças que conseguem ser passadas por gerações.
O pouco que temos dividimos ( alegrias, tristezas, até coisas materiais), em fins de semanas nos reunimos, não esbaldando grana e sim sentimentos. A certeza de que sempre que um precisar estaremos aqui, e podemos passar pela maior das tempestades, eles sempre estarão ali, esperando por você, preocupados contigo. O valor está nas coisas tão simples. Dinheiro????? Não compra família, amigos, sentimentos veradeiros. Sou tão sortuda que consegui tudo o que tenho de graça! O que faz da minha família uma das mais tradicionais ...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Uma escrava em férias


Hoje, meu primeiro dia de férias.
Penso o tanto de tempo ocioso que vou ter prá fazer um bando de coisa boas que não faço há tempos, mas ao mesmo tempo eu tenho uma infeliz certeza: Férias sempre acabam...
Estou há cinco anos como escrava. Não vejo a mínima diferença entre um trabalhador assalariado e o escravo. Se antes eles estavam confinados nas senzalas, obedecendo aos capatazes e submetidos ao senhor de engenho, hoje temos nossa confinação no ambiente de trabalho (que digamos de passagem, pelo menos no meu, não oferece uma boa infraestrutura para abrigar seres humanos) que nos rouba nossa mobilidade, nosso direito de ir e vir, Obedecemos um gerente, que nos diz o que devemos ou não fazer, e finalmente devemos nossa lealdade a nosso patrão ao qual vendemos nossa alma em troca de um lote de papel colorido todo mês... As relações de trabalho realmente mudaram só pela introdução da troca da minha força de trabalho por pedaços de papéis???
Comecei a me auto-destruir quando entrei nessa sociedade de consumo iniciada com minha entrada no mercado de trabalho... Sei que há contas á pagar, tenho serviços á prestar, fingir sorrisos á pessoas que nunca vi na minha vida, ser prestativa e educada com seres arrogantes(afinal, clientes tem sempre razão), cumprimentar e agradecer pessoas que nem se importam com minha existência; se estou tendo uma dia ruim hoje, se tenho problemas familiares, se estou indo trabalhar doente, pois se não o patrão manda embora! Quem se importa com você? Sou, nesses momentos, o que querem que eu seja: Uma escrava completa, até de sentimentos, de atos, faça o que te ordenam se não, rua! E no fim das contas... Será que sou mesmo uma menina livre?

sábado, 2 de janeiro de 2010

Ano novo vida nova????

Pergunta antiga e nunca respondida...
Embora ela seja muitas vezes uma afirmação, ainda fica a dúvida quanto isso.
Individualmente podemos afirmar que o ano que passou foi muito bom, mas os notíciarios nos mostram o contrário, a mesma roubalheira (dos que usam ou não gravatas), o mesmo caos, pessoas passando fome(e a cada ano que passa parecem até serem as mesmas, se é que não são), os mesmos erros de um passado sempre presente...
E o presente??? Fogos e hipocrisia!! Uma combinação perfeita para um 2010 feliz!!!
E o povo ainda pede bis...