segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Uma escrava em férias


Hoje, meu primeiro dia de férias.
Penso o tanto de tempo ocioso que vou ter prá fazer um bando de coisa boas que não faço há tempos, mas ao mesmo tempo eu tenho uma infeliz certeza: Férias sempre acabam...
Estou há cinco anos como escrava. Não vejo a mínima diferença entre um trabalhador assalariado e o escravo. Se antes eles estavam confinados nas senzalas, obedecendo aos capatazes e submetidos ao senhor de engenho, hoje temos nossa confinação no ambiente de trabalho (que digamos de passagem, pelo menos no meu, não oferece uma boa infraestrutura para abrigar seres humanos) que nos rouba nossa mobilidade, nosso direito de ir e vir, Obedecemos um gerente, que nos diz o que devemos ou não fazer, e finalmente devemos nossa lealdade a nosso patrão ao qual vendemos nossa alma em troca de um lote de papel colorido todo mês... As relações de trabalho realmente mudaram só pela introdução da troca da minha força de trabalho por pedaços de papéis???
Comecei a me auto-destruir quando entrei nessa sociedade de consumo iniciada com minha entrada no mercado de trabalho... Sei que há contas á pagar, tenho serviços á prestar, fingir sorrisos á pessoas que nunca vi na minha vida, ser prestativa e educada com seres arrogantes(afinal, clientes tem sempre razão), cumprimentar e agradecer pessoas que nem se importam com minha existência; se estou tendo uma dia ruim hoje, se tenho problemas familiares, se estou indo trabalhar doente, pois se não o patrão manda embora! Quem se importa com você? Sou, nesses momentos, o que querem que eu seja: Uma escrava completa, até de sentimentos, de atos, faça o que te ordenam se não, rua! E no fim das contas... Será que sou mesmo uma menina livre?

Nenhum comentário:

Postar um comentário